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Bicicletas Compartilhadas: Planejamento e desempenho

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Um bom sistema de bicicletas compartilhadas deve apresentar características de planejamento que resultem em um desempenho eficiente, reduzindo os custos de operação e assegurando que os sistemas possam ser utilizados pelo maior número possível de habitantes de uma cidade. As variáveis de planejamento e desempenho estão inter-relacionadas e sua análise deve ser feita de maneira combinada. Ou seja, ainda que as experiências em diversas cidades demonstrem, por exemplo, que a densidade de estações no território é fundamental para um bom desempenho, esta variável (densidade) não é a única responsável pelo êxito de um sistema.

Os indicadores de planejamento são caracterizados pelo dimensionamento do sistema (número de estações e bicicletas), relacionados com área de cobertura e população atendida. Tais variáveis podem ser calculadas antes da implantação do sistema, mas também são úteis para a identificação de falhas e a realização de eventuais ajustes. Já o desempenho é caracterizado pelos resultados obtidos depois da implantação dos sistemas, tendo como principal variável o número de viagens realizadas a cada dia por morador e por bicicleta.

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Densidade e cobertura

De acordo com o Guia de Planejamento de Sistemas de Bicicletas Compartilhadas do ITDP, “uma boa densidade de estações dentro da área de cobertura é a garantia de que, onde quer que o usuário esteja, haverá uma estação a uma distância conveniente a pé, tanto da origem como do destino de sua viagem”. O guia indica uma correlação direta entre densidade das estações e penetração do sistema (viagens / dia / morador): quanto mais denso, mais eficiente é o sistema (Guia de Planejamento de Sistemas de Bicicletas Compartilhadas, p. 46 e 47).

Os valores de referência para a densidade dos sistemas encontram-se entre 10 e 16 estações por km2. Os sistemas analisados apresentam densidades bem inferiores a estes números.

Outra variável importante é a cobertura do sistema na área urbana. Esta variável não está diretamente ligada à eficiência do sistema, já que um sistema pequeno e denso também pode ser eficiente (realizar um grande número de viagens por bicicleta disponível). No entanto, em um horizonte de médio e longo prazo, a adoção de sistemas de bicicletas compartilhadas como componente das políticas de mobilidade deve buscar o atendimento universal da população, portanto deve estar disponível para o maior número de habitantes e bem distribuída no território.

População atendida e viagens per capita

Um bom sistema de bicicletas compartilhadas deve permitir fácil acesso às estações. O Rio de Janeiro e São Paulo lideram este quesito, oferecendo sistemas com estações posicionadas a, no máximo, 500m dos locais de residência de mais de 10% dos habitantes. Vale destacar que esta análise não considerou a população flutuante de cada região, apenas os residentes na área do sistema. Em análises futuras, a inclusão da população flutuante pode ajudar a medir a eficiência e também identificar propósitos específicos para alguns sistemas (ex: alimentação de redes de transporte, circulação em áreas comerciais ou de serviços, entre outras).

O sistema do Distrito Federal ilustra o caso de um sistema eficiente, mas com pouca abrangência demográfica. Implantado em uma área com poucos habitantes (Esplanada dos Ministérios e pequenas áreas do Plano Piloto), possui um índice excepcional de viagens por dia por 1.000 habitantes, mas está próximo da residência de apenas 0,56% da população.

 

Coeficiente vagas / bicicleta

O Guia de Planejamento de Sistemas de Bicicletas Compartilhadas indica que “ter mais vagas do que bicicletas é essencial para garantir que sempre haverá um local de estacionamento para cada bicicleta em múltiplos locais”, destacando que cada estação deve ter ao menos duas vagas de estacionamento para cada bicicleta em serviço. Com isso, diminui-se o custo operacional de reposicionamento das bicicletas e também a dificuldade de devolução das bicicletas em virtude de estações lotadas.

Se considerarmos o total de bicicletas informado pela operadora (mais bicicletas disponíveis), todos sistemas analisados possuem coeficientes menores do que o recomendado. Com a utilização dos dados extraídos da ferramenta de verificação independente (menos bicicletas disponíveis), a situação é diferente: apenas os sistemas do Rio de Janeiro e São Paulo possuem coeficientes adequados para uma boa operação.

 

Coeficiente bicicletas / população

Este parâmetro serve para o planejamento do sistema e busca garantir que a oferta de bicicletas seja capaz de atender a demanda de usuários potenciais do sistema. Disponibilizar um número adequado de bicicletas para a população residente na área do sistema permite que o cidadão não tenha sua escolha de deslocamento frustrada pela ausência de bicicletas disponíveis. O Guia de Planejamento de Sistemas de Bicicletas Compartilhadas recomenda, no mínimo, a disponibilidade de 10 a 30 bicicletas para cada 1.000 habitantes da área do sistema.

O Distrito Federal é a única região analisada que obteve resultados acima desta média. No entanto, como já explicado anteriormente, existe uma distorção significativa deste valor, resultante da baixíssima ocupação residencial na área onde o sistema está disponível.

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Média de viagens / dia / bicicleta

O Guia de Planejamento de Sistemas de Bicicletas Compartilhadas identificou que os sistemas com melhor desempenho possuíam entre 4 e 8 viagens por dia por bicicleta, indicando que “menos de 4 viagens diárias por bicicleta pode resultar numa relação de custo-benefício muito baixa, enquanto que mais de 8 pode começar a reduzir a disponibilidade das bicicletas nas estações, especialmente em horários de pico”.  Os sistemas de São Paulo e Belo Horizonte apresentam índices bem inferiores ao recomendado, tanto a partir dos dados da operadora, quanto a partir dos dados da ferramenta de verificação independente.

O Rio de Janeiro e o Distrito Federal só atingem o número mínimo recomendado quando é considerado o total de bicicletas encontrado na ferramenta de verificação independente, ficando abaixo do recomendado se a análise é feita a partir dos dados fornecidos pela operadora.

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