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Mobilize Santiago: Entrevista com Simon Lusby

Special Roundels on the Piccadilly Line to mark the beginning of Night Tube service

Inaugurado em 1863, conhecido mundialmente como The Tube, o sistema de metrô de Londres talvez seja o mais icônico do mundo, com seu tradicional aviso “mind the gap”, sua logo vermelha circular e sua história sobre ter sido um abrigo antibombas durante a Segunda Guerra Mundial. Enquanto o metrô transporta cerca de 1,37 bilhões de passageiros, no nível da rua, os igualmente famosos ônibus vermelhos da cidade – muitos dos quais com dois andares – são responsáveis por transportar mais de dois bilhões de passageiros por ano somente na cidade.Simon Lusby está atualmente trabalhando para promover melhorias no sistema de ônibus de Londres. Como estrategista sênior da Transport for London, agência pública responsável pela gestão de transportes da capital inglesa, Lusby fez parte da equipe que transformou o metrô  num símbolo do transporte na cidade.

O ITDP conversou com Lusby sobre sua participação no Mobilize Santiago, que tem como tema principal: “cidades justas e inclusivas tornam-se o novo normal”. Lusby falou sobre o que espera do encontro e sobre o futuro dos sistemas de ônibus em Londres.

 

ITDP: Como o sistema de transporte de Londres está alinhado com o tema do Mobilize desde ano?
Simon Lusby: A forma como estamos planejando o sistema de transporte precisa ser a mais inclusiva possível. Nesse sentido, nossa nova abordagem de desenho urbano inclui todos no espaço da rua, não apenas um modo, não apenas para pessoas saudáveis. Estamos diante do compromisso de criar espaços para todos. Dessa forma, acredito que Londres se encaixa bem nesse novo paradigma, porque mais do que mudanças exigidas em normas, existe uma expectativa da população por essas mudanças. Nossa rede de ônibus, por exemplo, já é acessível aos usuários de cadeiras de rodas e possui forte identificação com os moradores da cidade. A partir desse ponto de vista, poderia dizer que Londres deverá se transformar em um lugar de referência sobre cidades justas e inclusivas.

O que você espera aprender com a experiência de transporte da cidade de Santiago durante o  MOBILIZE?
Estou interessado em saber mais sobre sistemas de ônibus da cidade de Santiago. Londres tem uma rede muito desenvolvida, mas precisamos procurar outras cidades que venceram os desafios que enfrentamos atualmente. Precisamos melhorar nossa abordagem ao desenvolvimento multimodal e pretendemos aprender sobre o tema com outras cidades. Esse é o aprendizado que espero encontrar no MOBILIZE: como promover a integração dos modos de transporte público, particularmente com a bicicleta.

Quais cidades você considera mais interessantes atualmente e que têm feito o trabalho mais inovador?
Em termos de BRT, há outros sistemas interessantes no Reino Unido, como em Cambridge e Manchester. Estou atualmente interessado em alguns pontos-chave no momento. O primeiro sobre a integração de ônibus com a bicicleta e Seattle tem feito isso muito bem. Também é preciso pensar sobre como expandir e integrar os corredores de ônibus em um ambiente metropolitano extremamente denso. Estou bastante interessado em saber mais sobre a experiência de Nova York nesse tema. Eu também quero que nossos usuários do metrô de Londres sintam que fazem parte da mesma rede de transporte público e têm opções sobre como podem viajar quando fazem a integração para um ônibus.

 

Você mencionou ônibus diversas vezes. Como a Transport for London conseguiu melhorar a divisão modal do transporte público, especialmente aquela dos ônibus?
Sem ônibus, há áreas onde o acesso à rede de transporte público é muito limitado. Mas agora há rotas de ônibus em todos os lugares. 95% das famílias vivem a menos de 400 metros de um serviço de ônibus. Então, isso mostra que essa rede que estamos cobrindo é mais abundante do que já foi imaginado.

Temos o controle da rede de ônibus e do espaço viário, o que tem sido fundamental. A partir dos anos 2000, a Transport for London aumentou o número de ônibus e isso tornou os serviços muito mais confiáveis. Então, em 2003, veio a taxa de congestionamento. As pessoas têm que pagar para entrar no centro da cidade, o que significa que há muito poucos carros particulares na cidade e o que ajudou enormemente a rede de ônibus. Coisas simples como o pagamento através do bilhete único (Oyster card) tornaram muito mais conveniente a integração entre o metrô e o ônibus.

Você sabe que o ônibus está vindo durante o dia. Você não tem que mexer com horários ou algo assim. Provavelmente haverá um ônibus chegando em alguns minutos. Infelizmente, essa alta freqüência custa dinheiro e ainda temos que continuar a adaptar nossa rede para suportar o sistema de metrô e a nova Linha Elizabeth. Esta é uma linha de metrô entre Heathrow e a zona Leste de Londres até Canary Wharf, que vai se tornar a linha principal da cidade, levando o dobro da demanda das outras linhas. Mas você não pode construir um desses todos os anos. Demora muito tempo e custa muito dinheiro.

Com novas infraestruturas inovadoras como a Elizabeth Line, qual é a importância de um transporte baseado em ônibus para uma cidade que tenha um sistema de metrô tão extenso

Isso retorna à questão original de inclusão. Se você retirou os ônibus, que são completamente acessíveis para cadeiras de rodas, você não é mais inclusivo. Portanto, tendemos a manter as linhas de ônibus, mesmo diretamente acima das linhas do sistema de metrô, porque você precisa dessa acessibilidade e as pessoas confiam nela. Quando você pensa em quantas camadas verticais diferentes existem no sistema, indo até o fundo das estações, simplesmente pode haver pessoas que não querem ou podem ir para cima e para baixo.

Como a Transport for London capta os dados sobre o número de passageiros em ônibus?

Nós temos um modelo chamado pay as you go (“pague conforme andar” na tradução livre), que se baseia na validação do cartão na entrada e na saída dos sistemas de transporte público para a cobrança da tarifa. A tarifa pode ser paga com cartões bancários sem contato ou com o nosso Oyster Card. Isto nos permite entender os padrões de viagens de nossos usuários. Não significa que conhecemos a rota do sistema que você pegou, mas nós só sabemos em que estação você entrou e de onde você saiu. A partir desses dados, podemos entender as conexões entre ônibus e metrô e vice-versa. Nós também temos iBus que nos permite verificar a velocidade do ônibus. Podemos então analisá-la para verificar seus atrasos e como as lacunas do serviço estão impactando no número de usuários. Se algo der errado no metrô, como atrasos, podemos calcular com bastante precisão quantas pessoas serão afetadas. Então, tentamos aproveitar o conhecimento que aprendemos no metrô e aplicá-lo ao ônibus.

Para saber mais sobre o MOBILIZE visite mobilizesummit.org

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