fbpx

Notícias

Compartilhe essa publicação

Monitoramento dos Pontos Críticos e contribuições dos Usuários ao Mapa Interativo de BRTs

O Rio de Janeiro consolidou nos últimos 5 anos uma rede de BRTs extensa, que já conta com três corredores – o BRT TransOeste, inaugurado em 2012 e recentemente expandido para acesso ao metrô, o BRT TransCarioca inaugurado em 2014, e o BRT TransOlímpica, inaugurado à ocasião dos Jogos Olímpicos Rio 2016 – e que culminará posteriormente com o corredor de BRT TransBrasil. Longe de estarem consolidados, os corredores apresentam ainda desafios importantes a serem superados para continuarem a oferecer um serviço mais rápido e confiável e, assim, se tornarem alternativas competitivas ao carro no acesso às oportunidades da cidade.

Com o objetivo de contribuir com a adoção de melhores práticas em sistemas de BRT no Rio e qualificar o debate público em torno deste tema, o ITDP Brasil desenvolveu em 2015 o Mapa Interativo de BRTs do Rio de Janeiro. A pesquisa mapeou uma série de pontos positivos e pontos de atenção, todos georreferenciados, ao longo dos quatro corredores. A fim de conhecer a opinião dos usuários sobre as questões que mais lhe são relevantes em cada corredor, o mapa permite a votação em uma escala de 1 a 5 de prioridade para cada um dos pontos.

Após mais de um ano no ar, quase a totalidade de pontos foi analisada pelos usuários: 108 pontos de um total de 126 pontos presentes no mapa receberam votos. Foram mais de 600 votos entre o lançamento do mapa e primeiro semestre deste ano. Na escala de 1 a 5, a média de prioridade dada pelos usuários foi de 4,3. De acordo com Gabriel T. de Oliveira, coordenador de Transporte Público do ITDP Brasil, “A votação revela um alto grau de prioridade à maioria dos pontos levantados no mapa, o que indica que a população está atenta às melhorias possíveis nos corredores de BRT e aos acertos que já vem sendo acumulados”.

Dentre os corredores, destaca-se a votação sobre pontos de atenção relativos ao BRT TransBrasil e o TransOeste. O TransOlímpica e o TransCarioca apresentaram quantidade de votos similares. Neste post, o ITDP Brasil apresenta os principais resultados desta votação para cada corredor. Os votos são analisados dentro das categorias a que pertencem:

  • Rede de Transporte Público: pontos que contribuem para o aprimoramento da infraestrutura, da operação do BRT e de sua integração com a rede de transporte metropolitana.
  • Desenvolvimento Urbano (DOTS): pontos relacionados a forma como o corredor de BRT pode auxiliar no processo de planejamento territorial, como por exemplo auxiliando a definir áreas no entorno de estações para concentração de moradias e oportunidades.
  • Bicicleta e Pedestre: pontos fundamentais para o acesso ao sistema de transporte por caminhada e por bicicleta de forma prática, segura e confortável.
  • Segurança Viária: pontos relacionados à segurança viária dos usuários do sistema de BRT.

Vale destacar que, das 5 contribuições colhidas junto aos usuários ao longo desse período sobre os pontos já presentes no mapa, 4 foram inseridas durante a atualização realizada este ano na ferramenta. Todos são bem-vindos a continuar votando e a colaborando através do e-mail brasil@itdp.org para que o monitoramento da rede de BRTs seja continuado e que se consiga contribuir para o seu aprimoramento contínuo.

BRT TransBrasil: o corredor a ser finalizado

O BRT TransBrasil será um dos corredores de BRT de maior demanda no mundo. Porém, antes de enfrentar os grandes desafios associados a sua operação, é necessário ainda que a infraestrutura do corredor seja finalizada em 2017. O corredor teve suas obras paralisadas durante o período em que a cidade recebeu os jogos olímpicos e até agora, não há previsão para que as mesmas sejam retomadas.

Perfil dos votos

Dentre os 264 votos dos usuários sobre as questões prioritárias deste corredor, 66% incidiram sobre pontos ligados a questões de operação do corredor e de sua integração com outros sistemas de transporte já existentes. O BRT TransBrasil perde a oportunidade de fortalecer a rede de transporte público do Rio ao não fazer a conexão com ramais de trem e metrô pelos quais passa. O desenho dos serviços e das integrações possíveis deve ser feita de forma participativa, de forma a minimizar críticas quanto a integração com linhas alimentadoras, com o serviço de conexão de aeroportos e com o intervalo previsto para cada serviço.

Sua chegada ao Centro precisa ainda ser detalhada e debatida publicamente para que questões como a segurança viária na região, com grande presença de pedestres, sejam adequadamente tratadas, conforme mostram 13% dos votos. Por fim, uma vez finalizado, será importante debater que tipos de atividades (usos do solo) deveriam ser estimuladas  no entorno das estações deste corredor. Essas questões aparecem como prioritárias em 13% dos votos.

Pontos mais votados


.
BRT TransOeste: expandindo as fronteiras

O BRT TransOeste, que inicialmente conectava a região de Santa Cruz, Guaratiba e Campo Grande ao Recreio à Barra da Tijuca, foi expandido. O corredor passa a ligar-se com a linha 4 do Metrô na estação terminal Jardim Oceânico. Apesar da integração física ter sido contemplada, uma discussão mais profunda sobre a integração tarifária e sobre a integração operacional se faz necessária. De fato, levantamento realizado pelo ITDP indica que o desconto na integração entre os modos se limita a 11%, o menor abatimento entre todas as integrações de transporte coletivo do Rio – que variam de 12% a 50%. Já foram registrados alguns casos de descontinuidade de horários de funcionamento entre os modos, como fim do serviço de metrô antes do fim do BRT e vice-versa. Uma integração efetiva é necessária para que os passageiros possam continuar sua viagem de forma confortável e rápida e venham a deixar o carro para utilizar o transporte público.


Perfil dos votos 

No BRT TransOeste, os 163 votos ficaram concentrados nos pontos relacionados à operação e à integração do corredor com outros sistemas da rede de transporte público(63% dos votos).

Destaca-se como ponto mais votado relativo a este corredor a inauguração da ligação Campo Grande – Mato Alto, prevista originalmente como parte integrante do projeto. A concretização desta ligação é importantíssima para reduzir o tempo de deslocamento entre Campo Grande e Barra e constitui uma demanda histórica de associações locais. Recomenda-se o detalhamento do plano de início de operação deste trecho.

Atualmente, além da chegada deste corredor à estação de Metrô do Jardim Oceânico, o Terminal Alvorada está sendo expandido, para melhor abrigar os serviços deste corredor e do TransCarioca. Algumas questões estruturais dos trechos na região de Guaratiba, Santa Cruz e Campo Grande ainda persistem, como a repavimentação completa do corredor com leito de concreto à semelhança dos outros corredores da cidade.

O acesso por bicicleta e por caminhada às estações dos corredores recebeu 33% dos votos. Nos bairros com condomínios fechados, como Recreio e Barra, as ciclovias podem se estender da entrada dos condomínios até às estações, aproveitando as largas vias já existentes. Em bairros residenciais afastados mais de 1km das estações, como os existentes no entorno das estações Pingo D’Água, Mato Alto e Magarça, ciclovias segregadas e arborizadas são fundamentais para aumentar a segurança de ciclistas acessando a estação e assim reduzir as viagens motorizadas.

Pontos mais votados


.

BRT TransOlímpica: legado olímpico com barreiras

O BRT TransOlímpico foi inaugurado para aprimorar a conexão entre as arenas olímpicas do Parque Olímpico na Barra da Tijuca/Jacarepaguá e o Complexo Esportivo de Deodoro. O corredor de BRT está posicionado na pista central de uma via expressa elevada. Sob os pilares que sustentam ônibus articulados e devem receber até 55 mil carros por dia, moradores têm relatado pioras em termos de ambiente para caminhada e aumento da circulação de veículos automotores em bairros outrora mais amenos. A TransOlímpica representa a segunda conexão transversal de Transporte Público da cidade e seu legado em termos de ganhos de tempo de viagem para moradores de áreas até então pouco providas de transporte público é inegável – é esperado que o corredor alivie em parte a superlotação no BRT TransOeste na ligação entre Campo Grande e Barra da Tijuca. No entanto, será necessário balancear até que ponto a via expressa implementada oferece barreiras locais permanentes aos pedestres e ciclistas e torna mais atrativa o deslocamento por carro em detrimento do transporte público.

Perfil dos votos

 

O corredor margeia uma importante área de proteção ambiental da cidade, o Parque Estadual da Pedra Branca, atravessando bairros que estão em fase de expansão, como Jacarepaguá e Curicica e que ainda possuem áreas livres cuja ocupação deve ser planejada de forma participativa. Nos 92 votos computados para este corredor, 47% foram atribuídos a este ponto, indicado atenção em relação a este processo de urbanização.

Destacam-se ainda 23% votos relacionados a questões de Segurança Viária, relevantes considerando que o corredor corre em paralelo com uma via expressa em parte do trajeto e que as pistas de tráfego comum foram duplicadas nas partes remanescentes e em especial na Salvador Allende, o que invariavelmente aumentará o fluxo de automóveis nestas regiões.

Pontos mais votados


.

BRT TransCarioca: legado e participação social

O BRT TransCarioca foi o primeiro corredor de BRT da cidade a passar por zonas densas e bairros historicamente consolidados e há dois anos se concretiza como um eixo transversal importante do território. Este foi o corredor que mais recebeu contribuições da parte dos usuários, o que mostra o engajamento na melhoria contínua dos serviços de transporte oferecidos pelo BRT e do espaço urbano de seus entornos. As contribuições incluíram (1) estudo de viabilidade de extensão do corredor dentro da Ilha do Governador efetivando a integração com a estação de barcas em Cocotá, (2) estudo para alocação de uma estação intermediária para evitar longos trechos de caminhada entre Vila Kosmos e Pedro Taques, (3) relato sobre a escassez de áreas de lazer no bairro de Ramos e (4) relato sobre a precariedade de passarelas de pedestres neste mesmo bairro.

Perfil dos votos 

 

No BRT TransCarioca, os 89 votos de prioridade ficaram bem distribuídos entre todas as categorias avaliadas. Dentre os pontos mais votados destacam-se o redesenho viário no entorno da Estação Cardoso de Moraes, objeto de oficina do ITDP, e a integração tarifária do BRT com o metrô em Vicente de Carvalho, cuja inexistência dificulta a formação de uma rede efetiva de transporte público.

Pontos mais votados

.

O ITDP continua seu esforço de monitoramento da rede de BRTs do Rio de Janeiro. Este artigo visou avaliar as condições dos corredores frente a pontos fortes e oportunidades de melhorias mapeados em 2015, quando foi elaborado o Mapa Interativo da Rede de BRTs da cidade. Após 1 ano no ar, esta é sua primeira atualização. Foram compilados para análise mais de 600 votos de usuários do mapa. Os votos destacam a importância do corredor BRT TransBrasil, que recebeu 43% dos votos, e de sua finalização para a constituição de uma rede integrada de transporte público na cidade. A atualização enfatizou também contribuições de usuários. No total, quatro pontos foram revisados ou incorporados no mapa, como informações levantadas por usuários ao longo do corredor de BRT TransCarioca, em Vila Kosmos, Ramos e Ilha do Governador. Acreditamos no potencial dos corredores em ampliarem o acesso às oportunidades que existem na cidade e a torná-la mais justa e equilibrada. Seguiremos monitorando.

 

Falta apenas um passo para concluir o download

Por favor, inclua os dados solicitados:

Caso não consiga realizar o download, escreva para brasil@itdp.org
Skip to content